Após dois anos de suspensão, o Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), terá início no dia 1° de agosto e deve ser finalizado no mês de outubro. Na última segunda (06), o Instituto começou o treinamento de 401 agentes censitários para atuação no Rio Grande do Norte, distribuídos em 19 locais pelo estado. Entre as novidades, estão a pesquisa com povos indígenas e quilombolas, coleta de informações sobre pessoas com autismo e de coordenadas geográficas de cada domicílio visitado no país, algo que pode orientar políticas públicas para moradias em situação de risco. No estado, 3.479 vagas temporárias foram criadas para a operacionalização do Censo 2022. O treinamento que vai até o dia 15 de junho orienta os novos agentes censitários municipais (ACM) e os agentes censitários supervisores (ACS), que posteriormente serão responsáveis pelo treinamento dos 2.931 recenseadores que devem ser contratados pelo IBGE. Para tais cargos foram criadas 151 e 284 vagas, respectivamente, com os 34 postos restantes a serem preenchidos em agosto para a pesquisa de pós-enumeração do Censo, que avalia o seu próprio trabalho quanto à qualidade e cobertura.
Inicialmente suspenso em 2020 devido a pandemia da covid-19, o Censo foi também suspenso no ano passado por falta de recursos no orçamento da União. A pesquisa demográfica traz dados para além da contagem populacional, informando sobre condições de vida dos brasileiros, emprego, renda, acesso a saneamento, saúde e escolaridade, entre outros. Em 2022, R$ 2.292.957.087 bilhões foram destinados a realização do Censo Demográfico. Os dados preliminares sobre população devem ser divulgados em dezembro desse ano, com outros aspectos da pesquisa sendo liberados em 2023 e 2024.
A edição atual também prevê algumas novidades na pesquisa, trazendo informações sobre a quantidade de pessoas residindo em localidades indígenas ou quilombolas e coletando as coordenadas dos endereços urbanos no país. Esse último ponto possibilita visualizar a localização de casas residenciais, além da quantidade de pessoas que vivem em cada uma. Para o IBGE, a informação pode ser útil em situações de desastres naturais e deve orientar políticas públicas de moradia.
Segundo Jailson Filgueira, técnico em Estudos e Pesquisas do IBGE no RN, o sigilo estatístico será devidamente preservado, ou seja, os dados das coordenadas não vão estar vinculados à identificação pessoal daqueles que moram no local visitado. Todos as informações colhidas pelo órgão mantêm esse mesmo princípio, sendo fornecidas para fins exclusivamente estatísticos.
Na sexta-feira passada (03), a Justiça Federal atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) para que o IBGE inclua campos sobre orientação sexual e identidade de gênero no Censo 2022. A decisão vale para todo o Brasil e dá autonomia para o Instituto usar a metodologia que considerar mais adequada para colher as informações. O IBGE disse que irá recorrer da decisão da Justiça e que irá responder os questionamentos nos autos do processo. Atualmente, o formato do Censo não se adequa por um só morador responder por todos de seu domicílio.